quarta-feira, 15 de março de 2017

Uma carta na garrafa



Não consegui deixar para lá
É impossível te observar sem sorrir
Orbitando teus pensamentos me encontro
Descobri nos teus olhos negros
O brilho mais intenso desse universo

Notei tua chegada aos poucos
Dentre as noites inversas e os dias distantes
Tua presença constante aos poucos se tornou essencial 
Ainda que eu teimasse em desperceber

Que nossos sonhos nos façam voar 
E nossos corações suportem tudo o que a jornada trouxer
Desentendidos sobre o amor
Despreocupados com a dor

Além destas páginas rabiscadas iremos
Além do final do livro permaneceremos
Sem despedidas
Sem desamor

Humanos e falhos somos
Mas ao teu lado, com os erros eu aprendo
Pra ser sincero
Ao teu lado
Esse mundo é uma grande carta de amor.

Vivendo o que não somos



Tempo de entender
De viver e reviver
Seguir nossa natureza
Inventar uma outra visão

Cada ensinamento passado
Demonstrou que toda grande história se escreve por si só
Mas às vezes é difícil viver sem transparecer

Procurar por ai o que está no interior?
Que ideia errada temos de onde viemos e para onde vamos
Você vive tudo aquilo que é
E tudo o que poderia ter sido só te corroerá, se você aqui ficar

Então certos ou errados
Corremos por aí
Temendo o que não conhecemos
Mesmo sem nos conhecer

Esquecemos o conforto de um bom abraço
A superfície é nosso limite
Mas o que posso falar, se mal posso entender?

Eu que vivia procurando o limite
Chorei ao te ver cruzar o horizonte
Agora dos teus passos só sinto as ondas que quebram
E apagam nossas trilhas na areia...

Longe daqui



Esquecimento linear
Contínuo desaparecimento
Uma consequência do tempo
O erro que nunca te faz aprender

Deixando para depois ficamos para depois
Além de mim o que há?
Às vezes temo em aceitar o acaso e toda sua pluralidade
Crio efeitos distorcíveis, sobre história que se vão
Sobre dias que estão por vir

E quando a pressão está acima de nossas cabeças
A lua parece distante e as estrelas apagadas
Realizar ou não
O tempo cobra
O tempo não espera

Sonhando o sonho de outros tempos
Inexistência e desistência
Tão diferentes e ao mesmo tempo iguais
Até que ponto pode ser erro esperar de mais 

E toda vida nasce durante a noite
Hoje chove por aí
Vejo de longe a tempestade se aproximar
Já não temo
Pra falar a verdade
O barulho da chuva me traz acalma.